sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O uso das tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem


Na sociedade contemporânea existe uma espécie de fetiche da tecnologia. Muitos acreditam que o simples avanço da tecnologia vai solucionar todos os problemas humanos. Entretanto uma análise mais criteriosa nos mostra que a tecnologia pode tanto ajudar no desenvolvimento do ser humano como ser mais um instrumento a serviço da dominação.
No artigo “As sereias do ensino eletrônico”, Paulo Blikstein e Marcelo Knörich Zuffo afirmam que a maioria das experiências desenvolvidas no campo da tecnologia aplicada à educação não desenvolvem a autonomia e a criatividade dos educandos. Isso ocorre porque as referidas experiências apenas transferem para a internet a educação tradicional com todas suas restrições. Ademais, segundo os autores, essas experiências também submetem a educação à lógica do trabalho transformando a cultura em mercadoria e a educação em commodity.
Entretanto, é perfeitamente possível conceber e implementar projetos realmente transformadores. Uso transformador da tecnologia na educação é aquele que possibilita a construção livre e coletiva do conhecimento. Nesse sentido, a internet é uma grande aliada por ser uma rede que disponibiliza uma enorme quantidade de software livres que podem ser adaptados às necessidades de cada usuário.

QUEM SOU COMO PROFESSOR E APRENDIZ


Na minha prática pedagógica cotidiana procuro contribuir com a preparação dos meus alunos tanto para o mercado de trabalho como para o exercício da cidadania, conforme prescreve a LDB. Entretanto, essa dupla tarefa não é nada fácil.
Com a revolução tecno-científica, as tecnologias da informação e comunicação passaram a ser molas propulsoras do desenvolvimento econômico. Isso trouxe a escola novos desafios. Em primeiro lugar, a escola pública deve capacitar o educando para utilizar essas novas tecnologias, pois a população de baixa renda ainda não tem acesso a essas ferramentas. Mas é preciso ir além de um uso elementar das TICs. A escola deve capacitar os alunos para que eles utilizem esses novos meios como instrumentos de ensino-aprendizagem, o que pressupõe o desenvolvimento de diversas habilidades e competências, tais como: competência para acessar informações importantes, tratá-las e transformá-las em conhecimento; criatividade e habilidade para produzir coletivamente.
 Contudo, percebo que no momento não estamos (eu e a escola onde trabalho) preparados para essa nova fase da educação formal. A escola não possui uma infra-estrutura adequada e nem equipamentos suficientes para esse tipo de trabalho (a sala de informática dispõe de apenas oito computadores funcionando). Eu preciso de uma formação continuada nessa área, o que começo a fazer agora, para poder orientar meus alunos de forma mais consistente.
    Porém, existe um problema ainda mais complexo que precisa ser equacionado. Como conciliar o saber milenar da filosofia (disciplina que eu leciono) com as novas tecnologias?  De um lado temos um saber baseado em textos de leitura difícil que exigem sempre uma reflexão atenta e demorada. Por outro lado, pesquisas recentes mostram que o uso intensivo das novas tecnologias torna os adolescentes menos concentrados e com um pensamento mais superficial, o que pode ser entendido como um efeito colateral do excesso de informação. Sem dúvida, se conseguirmos solucionar essa questão estaremos dando um passo decisivo rumo a uma formação integral que realmente prepare tanto para o mercado de trabalho quanto para a cidadania, visto que a autonomia moral e política só podem ser conseguidas com o auxílio do pensamento crítico reflexivo, algo tipicamente filosófico.